
Uma alemã e 12 fotos
Certa vez ele levou-nos um livro grande, cheia de figuras coloridas. Quando folhei algumas páginas, levei um enorme susto! Ele, o Dr. Oráculo, estava esperando por isso e deu uma sonora risada.
“Que foi sua boba?” Perguntou.”
“Este livro está cheio de monstros!”
“Que monstros nada...essas gravuras representam a arte de um grande pintor: Odilon Redon!”
“Mas que arte?...essas figuras...não acredito!”
“Quer que lhe conte sobre Redon?”
Respondi afirmativamente e ele dissertou bastante para uma pequena platéia infantil, sobre a obra desse grande artista...
“Odilon Redon nasceu em 1840, na França. Desde bem moço começou estudando desenho e pintura em Bordéaux, cidade onde nasceu. Foi mais tarde para Paris, chamada “Cidade Luz”. Em Paris todas as artes estavam acontecendo, e as ciências também. Nesta época Redon conheceu os pintores Seurat e Signac, Impressionistas. Ficou tão encantado com essa nova forma de pintar que aderiu ao Impressionismo, de imediato, pintando com cores claras, com muita luz, e em pleno sol. Mas Redon foi pouco a pouco atraído pelo simbolismo, uma nova escola que estava surgindo. A literatura e a música também sofreram influências do Simbolismo. Esta modalidade de pintar maneja o inconsciente, o desconhecido da alma. Às vezes parte para o fantástico e daí vai mais além, para o doentio delirante. São esses os quadros que assustaram vocês...Redon pintou seres saídos de pesadelos, corpos deformados, figuras alucinadas...e dentre estas, apareciam também seres serenos e em paz!”
Redon marcou o simbolismo para sempre!” Era ele possuidor de uma grande técnica e pintava com maestria. Hoje seus quadros valem milhões e quando são expostos, multidões querem vê-los! Seu quadro mais famoso é um imenso painel: “O Dia e a Noite”, Fontiroide - Biblioteca de Abadia, 1819 − 1811.
Odilon morreu de pneumonia aos 76 anos de idade, em 1916, Paris.
Em momentos de trabalho em seu atelier Seurat não comia, não bebia e nem mesmo respondia perguntas que lhe faziam.
No princípio do século XX, muitas descobertas científicas estavam acontecendo, inclusive sobre cores e luzes. Seurat interessou-se muito por esses estudos. Trabalhou em seus desenhos e telas com todos os efeitos de luz: luz solar, luz artificial, luz modificada pelo ar, luz direta ou refletida. Luz que bate no objeto e cria clarões e luz que é absorvida. Na tela “Parada de Circo” (1887) ele usou luz artificial. Esse quadro, assim como outros, foi pintado com pequenos pontos superpostos, deixando entrever a luz, a claridade do fundo. Essa técnica é chamada Pontilhismo e é derivada do Impressionismo. Futuramente, Seurat vai modificando os pequenos pontos em traços paralelos e aliando a geometria, começou a estilizar figuras e a própria natureza. Sua obra mais conhecida chama-se “A serra na grande Jatte” (1888). Esse extraordinário pintor teve muitos seguidores, sendo o principal Paul Signac, que foi também um grande amigo.
Para identificarmos uma obra de Seurat é necessário primeiramente conhecer seus princípios. A maior parte de seus quadros não estão assinados, mas a luminosidade que transparece, além das pinceladas, não deixa dúvidas de sua autenticidade.
Georges-Pierre Seurat – 1859 – 1891.
Certa vez madame Marie ficou doente. A casa dela ficava bem pertinho do ginásio. Nossa diretora pediu que eu e duas meninas fôssemos à casa da professora, buscar umas pastas, uns papéis. Lá fomos nós. Na saleta bem iluminada, pendurados nas paredes, vi uns quadros lindos! Eram gravuras coloridas, belíssimas! Perguntei para a professora de quem eram e ela simplesmente respondeu-me: “Gauguin”.
A sensação que senti contemplando as gravuras não sei descrever, mas foi uma coisa muito boa...
Dias depois madame Marie me entregou um livreto velhíssimo, dizendo para que eu cuidasse bem dele”. Era a história resumida da vida desse grande pintor francês, Paul Gauguin (7/6/1848 − 8/5/1903) Em cada folha havia a reprodução de uma tela de Gauguin e um texto explicativo... Mas tudo em francês! Peguei o dicionário e traduzi palavra por palavra. Quanto mais eu lia, mais gostava.
Quando Gauguin começou a desenhar e pintar, tinha mais de 20 anos. Foi paixão a primeira vista! A habilidade, o bom gosto, o olhar atento apareceram de supetão! Como se um vírus o tivesse contaminado!
De início Gauguin se entusiasmou com o impressionismo; quadros lindos dessa época povoam os museus (Rowen – A igreja Saint Ouen – 1884 e Ângulo de açude, 1885, etc.). Pouco a pouco, porém, foi modificando sua pintura. Apareceram as cores fortes, puras e os contornos bem acentuados (ao contrário do Impressionismo). E foi pintando, pintando num crescendo, sem parar. Gauguin era muito autêntico com os outros e consigo mesmo. Chegou a ser preso no Taiti onde viveu e morreu, por desacatar autoridades e o clero...
Gauguin sofreu todos os percalços. Falta de dinheiro, desavenças familiares, incompreensões com sua obra e a doença que o martirizava dia e noite. Havia machucado os pés e as feridas não cicatrizavam, causando muita dor. Mas mesmo sob estas condições adversas, produziu uma arte inigualável, este grande pintor solitário.
Aprendi muito com aquele livrinho tão velho, mas que me abriu perspectivas em outras direções.
Merci madame Marie!
Bonjour monsieur Gauguin
Aconteceu certa vez uma coisa diferente comigo. Tinha então uns
− Claude Monet é considerado o pai do Impressionismo. Vamos nos afastar um pouco. Seus quadros devem ser admirados a 1m50cm de distância, porque as cores da tela fazem um intercâmbio com a visão do observador e se complementam...O Impressionismo tem como base a captura da luz que se reflete nos objetos e que de momento a momento se modifica...no contorno e no colorido...
Naquele momento aconteceu que uma das mocinhas da turma deu pela minha presença. Vi quando cutucou uma outra. Olhou-me de cima a baixo, parecendo ofendida. Continuei no mesmo lugar. Queria ouvir o que o professor dizia...Mas ela aproximou-se mais de mim e disse:
− Essa reunião é particular...é uma aula. Olhei para ela e continuei tentando ouvir. Não satisfeita ela se dirigiu ao professor e falou-lhe baixinho no ouvido alguma coisa. Ele se voltou para mim e sorriu. Isso a desconcertou. Não olhou mais para a minha direção.
Segui o grupo até o final da aula. Estava tão interessada! No término da reunião ele distribuiu uns papéis. Chegando perto de mim, sorriu-me e entregou-me uma apostila também. Agradeci encabulada. Não esqueci esse fato. Admiro Monet. Adoro sua obra. Durante muito tempo tentei copiar seus quadros, suas cores claras e límpidas. Depois de um tempo percebi que não tinha gabarito para imitá-lo. Mas para trazê-lo sempre perto de mim, adotei a maneira como ele assinava o M de Monet e assim é o meu M até hoje.
M de Mundo
M de Mãe
M de Mar
M de Monet (14/11/1840 − 6/12/1926).
Pintei esta tela com tintas Acrilex.